10 de set. de 2010


“Se o criado-mudo falasse, provavelmente seria o maior contador de histórias de que se tem notícia bom, nesse caso, para início de conversa, ele teria que trocar de nome. E o que dizer daquele sofá velho, meio afundadinho em uma das extremidades, que denuncia de imediato qual o seu canto preferido de se esparramar? Não dá nem para pensar em trocá-lo, até porque nenhum será tão confortável e aconchegante quanto ele.

O que, afinal, faz com que as coisas tenham tanto valor para nós? Bem, esqueça o dinheiro. Um objeto de alto valor no mercado pode não dizer absolutamente nada para você. Esta afirmação foi provada pelo professor de psicologia e educação na Universidade de Chicago Mihaly Csikszentmihalyi . Ele visitou 80 famílias americanas e perguntou o que era mais importante para cada uma delas dentro de casa. A grande maioria não indicou nada de alto valor monetário. Era sempre algo de valor afetivo: a cadeira de balanço que foi do avô, a colherzinha da infância, a mesa de estudos da adolescência. Os artefatos têm participação ativa no cotidiano. Eles organizam práticas sociais, influenciam comportamentos, incorporam metas e se tornam inseparáveis daquilo que somos, afirma. Isso significa que as coisas têm vida social, são palco de nossas experiências e, sim, são impregnadas de emoções.
Nós fazemos questão de guardar aquilo que realmente nos importa. Isso pode acontecer quando um objeto nos lembra alguém especial, como a cadeira de balanço do vovô, que remete à lembrança do próprio vovô ali, ainda presente dentro de casa. Ou quando ele nos remete a um lugar que merece ser lembrado, como aquela recordação de uma viagem feita com seu melhor amigo. E ainda se o objeto tem a ver com nossos valores, com o que pensamos.”

Texto de Mariana Sgarioni – Revista Vida Simples

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