11 de fev. de 2011

 
 
Não sei se foi por preguiça, por condicionamento, pela dificuldade de estarmos plenamente atentos no instante de cada ação.
O fato é que a planta havia morrido há semanas e durante todo aquele tempo eu continuei a regá-la, como se estivesse ali.
O vaso cheio de terra, vazio de verde, permanecia no mesmo lugar, entre os outros, como se nada houvesse acontecido. Toda vez que eu repetia o movimento, eu me dava conta da estranheza do meu gesto,mas acabava me entretendo com outra coisa e adiava mais uma vez a retirada do vaso.
Outra hipótese é o embaraço que às vezes temos para reconhecer a morte das coisas.
Para aceitar que o tempo delas acabou, embora possa ser tão óbvio como um vaso sem planta.
(...) Nossos gestos de desapego são capazes de criar espaço para o novo.
Minha mãe plantou outra muda de planta naquele vaso.
A última vez que vi, estava florida.
 
(Ana Jácomo) 

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